Resenha: O Planeta dos Macacos

08 junho

Título: O planeta dos macacos
Autor: Pierre Boulle
Editora: Aleph
Páginas: 216
Ano:2015

        Fala aí pessoal, Renner de volta. Vim aqui fazer uma resenha muito feliz e já explico porque. É que em março do ano passado teve uma promoção na Amazon Kindle e alguns títulos estavam disponíveis gratuitamente no formato ebook, mas só podia escolher um deles. O meu plano era pegar o 2001: Uma Odisséia no Espaço, mas por um feliz engano peguei O Planeta dos Macacos. Na época, lembro ter ficado extremamente chateado com o meu equívoco, mas esclareço: Eu tinha pouco conhecimento da obra escrita. Acreditava se tratar dessas obras geradas de uma franquia cinematográfica de sucesso (eu sei, meio desinformado eu).
        Bem, desacreditado da leitura, enrolei para iniciar (até porque leio muito pouco ebook, a maior parte é mídia física). E agora, mais de um ano depois, me surpreendi ao finalizá-lo.
           A obra é de 1963, escrita pelo francês Pierre Boulle e que ficção científica de qualidade, meus amigos. Ela se inicia com um casal, Jinn e Phyllis que está em viagem interestelar, por mero passeio, num futuro remoto, quando estes se deparam com um objeto pequeno à deriva, refletindo a luz das estrelas próximas. Indo em busca da mesma, se deparam com uma garrafa contendo um relato escrito em papel, que estes iniciam a leitura. Assim, toma forma a história de Ulysse Mérou, um francês que saiu numa viagem interestelar no ano de 2500, deixando a Terra em direção ao sistema de Betelgeuse, uma estrela das mais brilhantes vistas da Terra, localizada na constelação de Órion ( e isso, a ficção pega emprestado da realidade). Lá chegando, descobrem um planeta que contém na atmosfera oxigênio e nitrogênio e decidem descer até o mesmo, usando um módulo de sua nave, que permanece orbitando o planeta, a que chamam Sóror. Em sua descida, descobrem que há uma civilização no planeta, avistando uma cidade, mas pousam um pouco afastados de tal. Vale lembrar que Ulysse é um dos 3 tripulantes da viagem, sendo o chefe o professor Antelle, um renomado cientista da Terra que investiu suas economias na criação da nave que os levou até o sistema de Betelgeuse e o terceiro, Arthur Levain, amigo de Antelle. Na descida, os três se deparam com uma humana, que logo descobrem, tem comportamentos animalescos. Nesse primeiro contato, após uma série de acontecimentos, o módulo que os três usaram para descer ao planeta Sóror foi destruído por outros humanos.
         A história é narrada por Ulysse Mérou e, a partir desse ponto, os três são levados pela tribo animalesca humana, momento pelo qual Ulysse começa a criar uma certa afeição pela mulher do primeiro contato, a quem batizam de Nova. Esses humanos, importante frisar, são desprovidos da "alma" que constitui a principal diferença entre humanos e animais na nossa sociedade real. Após alguns dias cativos na tribo dos humanos, começa a se ouvir armas atirando e Ulysse se descobre sendo caçado. Todos os humanos iniciam uma fuga e, em pouco tempo é constatado, para choque de Ulysse, que são macacos que estão caçando os humanos. Arthur Levain, guiado pelo desespero, é morto na frente de Ulysse, e este é capturado. O que acontece depois? Não quero estragar a surpresa da melhor parte do livro. Ulysse escapa ou não? o que ele descobre? Como termina?
          O que eu posso dizer é que o desenvolvimento dessa história é excelente e o final é de uma satisfação inigualável.  Este livro é bastante fiel a elementos científicos, só tomando liberdade poética em pequenos pontos, para amarrar a história. Ele também é recheado de alegorias, como a posição de cada uma das espécies (gorilas,orangotangos e chimpanzés) na sociedade, distribuída em castas, apresentando uma crítica a organização da nossa sociedade. Há também a troca de papéis, horrorizando os mais insensíveis por meio da empatia, na medida em que aqui os humanos usam macacos nos seus testes e no planeta dos macacos, os mesmos usam humanos. Há ainda o uso dos mesmos argumentos da nossa sociedade, o que traz à tona uma sensação quase intragável. Pierre é genial na forma como explica boa parte das coisas no livro, de forma muito aceitável cientificamente. Só peca na explicação do passado de Sóror e da ascensão dos macacos. Apesar de pouco crível, a descrição do passado é muito interessante.
          Uma  última consideração: É notável que Pierre Boulle faz uso de uma assertiva muito difundida pela história e pela ficção sobre ascensão e declínio de organizações sociais. Esse recurso é muito visto por exemplo, nas obras da Fundação de Isaac Asimov, bem como na história dos impérios macedônico, romano (base da obra de Asimov) e tantos outros que se repetem no mesmo ciclo. Fato é que o final deste livro vai te deixar EUFÓRICO! Leitura recomendadíssima. Fico por aqui e peço que deixem comentários aí para discutirmos sobre essa obra. 




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6 comentários

  1. Nossa, que resenha incrível! Parabéns!!
    Tenho muita vontade de Ler O Planeta dos Macacos porque adoro ficção científica. Sua resenha só me deixou com mais vontade ainda =D
    Quando ao 2001, citado no começo, infelizmente, não gostei, acho que o acaso te fez um favor.
    Bjs

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    1. Oi... Obrigado, foi muito gostoso escrever essa resenha. Me surpreendeu bastante realmente o livro. Veja só que sorte a minha então, ter pegado o livro "errado", kkkk. Volte sempre!

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  2. Oi Renner!

    Tudo bem? Planeta dos Macacos é um clássico da ficção-científica em qualquer formato. Confesso que faz muito tempo que li o livro (passei por uma fase incrível de clássicos sify quando tinha uns 16 anos) e por isso quase já não me lembro da história.

    Sua resenha me deu vontade de reler o livro e matar a saudade dessa história incrível. Fico muito feliz que o saldo da leitura tenha sido positiva pra você também.

    Beijinhos
    www.paraisoliterario.com

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    1. Tudo joia sim, espero que com você também. Pois é, eu acreditava que era fruto do sucesso do filme antigo do planeta dos macacos, mas acontece. Vale a pena reler viu? Ele é curto e trás uma proposta bem interessante. Além disso, na releitura você pode enxergar pontos que na sua fase dos 16, não tenha percebido. Obrigado por comentar, volte sempre.

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