Te Conto um Conto [Mês do Terror]: Os assassinatos na rua Morgue - Edgar Allan Poe

29 outubro

Olá meus caros. Renner por aqui. Voltamos com a programação especial do mês de Outubro, o mês do terror.

E agora, passamos do bloco "narradores homicidas" do livro Medo Clássico da Darkside (coletânea de Edgar Allan Poe), para os contos sobre o detetive Dupin, começando por "Os Assassinatos na rua Morgue", o mais conhecido dos contos sobre C. Auguste Dupin, talvez por ser o primeiro publicado.

Antes de mais nada, é importante trazer o contexto. Talvez alguns de vocês não conheçam nosso estimado Dupin, entretanto ele é o precursor de outros fenômenos investigativos como Sherlock Holmes e Hercule Poirot, Sim, meus caros, Sherlock Holmes tem muita influência de Edgar Allan Poe e seu detetive Dupin. Curiosamente, as histórias são narradas por um amigo próximo (e um dos poucos ou o único) do excêntrico detetive (alguma semelhança?). Esse narrador ajudante divide casa com o detetive em Paris (nem se parece com outro caso) e as histórias são geralmente casos de crimes, assasinatos e desaparecimentos considerados insolúveis pelos agentes da lei (juro que não direi mais nenhuma indireta). Mais divertido ainda é seguir o raciocínio do detetive na solução do caso.

Em Assassinatos na rua Morgue, nosso narrador ajudante inicia com um ensaio sobre a capacidade analítica excepcional e a diferença básica entre a perspicácia e o raciocínio rápido em relação a verdadeira capacidade analítica. Depois de muito explicar, introduz seu amigo Auguste Dupin, explica a relação dos dois (ambos se conheceram numa livraria, ambos tinham gostos parecidos e hábitos reclusos, decidiram morar juntos e então ele segue) e trás como exemplo do seu ensaio sobre a capacidade analítica uma situação cotidiana que ocorreu quando narrador e Dupin caminhavam pelas ruas em silêncio e Dupin magicamente irrompe com um comentário sobre as divagações que o narrador fazia mentalmente, supreendendo o mesmo por ter "adivinhado" o que estaria pensando depois de 15 minutos inteiros sem falar palavra. Dado o exemplo, entramos de fato na parte da história que dá nome ao conto. Durante a leitura do jornal, nossa dupla se depara com uma manchete sobre o assassinato de madame L'espanaye e sua filha mademoiselle Camille L'espanaye, moradoras da rua Morgue. 

Ocorre então uma descrição em detalhes de que vizinhos ouviram os gritos, invadiram a casa, onde viviam somente as duas na tentativa de ajudar e quando arrombaram a porta do quarto andar, de onde vinham os gritos, encontraram uma sala revirada, porém vazia (de pessoas) e com as janelas fechadas por dentro, sem rotas de fuga aparentes. Antes de arrombarem a porta, os vizinhos em questão ouviram duas vozes discutindo dentro da sala. 

É importante ressaltar que Dupin não é um detetive profissional, ele embarca nessa investigação por puro e simples prazer de usar das suas capacidades analíticas acima do comum.

Pouco a pouco o autor, através do detetive Dupin vai explanando seu raciocínio e adicionando peças ao quebra-cabeças, até realizar a conclusão sobre quem matou as duas mulheres da rua Morgue. O fim, além de extremamente satisfatório para que gosta de ficção investigativa, tem aquela pitada de humor  pela abordagem atípica de Dupin com relação ao sujeito envolvido no crime.

Com toda a certeza, está entre as 10 melhores histórias de Poe e entre as melhores da ficção de investigação. A sensação que fica é de que Sir Arthur Conan Doyle, autor de Sherlock Holmes, incorporou o estilo de escrita de Poe em relação a Dupin e acrescentou nele, suas próprias ideias, criando um dos personagens mais famosos (quase vivos) da história da literatura.

Recomendadíssimo, esse conto, que é um pouco mais longo que os anteriores, pode ser encontrado tanto no livro Medo Clássico da Darkside, como em outras publicações (individualmente ou em coletâneas). Trata-se de uma experiência estarrecedora e muito prazerosa, a leitura de "Assassinatos na Rua Morgue". Até a próxima pessoal.

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