Ática

Resenha: Os 13 porquês

08 março

Sinopse: Ao voltar da escola, Clay Jensen encontra na porta de casa um misterioso pacote com seu nome. Dentro, ele descobre várias fitas cassetes. O garoto ouve as gravações e se dá conta de que elas foram feitas por Hannah Baker - uma colega de classe e antiga paquera -, que cometeu suicídio duas semanas atrás. Nas fitas, Hannah explica que existem treze motivos que a levaram à decisão de se matar. Clay é um desses motivos. Agora ele precisa ouvir tudo até o fim para descobrir como contribuiu para esse trágico acontecimento.

Eu sempre vi leitores elogiando a obra “Os 13 porquês” e até então tinha evitado realizar a leitura por pensar que a trama não poderia ser realmente tudo o que diziam por aí, que era somente um frisson passageiro e eis que me surpreendo com uma narrativa impressionante de um tema tão denso, o suicídio. Confesso que meu interesse pela história se ampliou devido ao trailer da série que será lançada pela Netflix ainda esse mês,  fiquei instigada a conhecer a Hannah e suas razões.
A história se inicia com Clay Jensen recebendo um misterioso pacote ao chegar em casa, ao abrir encontra algumas fitas cassetes embrulhadas em plástico bolha e todas numeradas. Quando começa a ouví-las se depara com a voz de Hannah, a garota por quem foi apaixonado, mas ela desistiu de viver e nas fitas ela irá contar o porquê ou melhor quais foram as pessoas (mais precisamente treze) que influenciaram em sua decisão e se ele recebeu o pacote provavelmente está entre os motivos.
O livro é voltado para adolescentes, mas mesmo não tendo a mesma idade dos personagens o leitor sem dúvidas irá se identificar com muitas das situações narradas e por diversas vezes será convidado para refletir sobre determinados fatos e os efeitos que podem ter na vida de alguém. A adolescência pode ser uma fase muito cruel em alguns casos, todos carregamos um pouco dessa fase ao longo das nossas vidas e algumas decisões tomadas nessa idade podem ser decisivas e nesse caso, para a protagonista não teve um final feliz.
O que de fato chama a atenção nesse livro é justamente como algumas “brincadeiras” levam a consequências desastrosas, desde o menor gesto pode desencadear reações que são incontroláveis. Ações comuns realizadas por adolescentes que a princípio parecem ser inocentes levam a boatos e fofocas que para determinada pessoa acaba tendo proporções ainda maiores e como lidar com tudo isso? Hannah se sentia deslocada e infeliz com tudo que estava acontecendo na vida dela, a escola e as pessoas com as quais conviveu mexeram com a estrutura emocional dela e o tempo todo ela estava procurando ajuda, porém não sabia onde encontrar o apóio do qual precisava. O menor dos gestos em um momento como o vivido pela protagonista pode significar muito e até mesmo evitar o pior. É importante que estejamos atentos aos sinais e mais ainda precisamos mudar essa triste realidade.
"Acho que essa é a questão central. Ninguém sabe ao certo quanto impacto tem na vida dos outros. Muitas vezes não temos noção. Mas forçamos a barra do mesmo jeito."
No livro são apresentadas duas visões diferentes de diversas situações e forma como se casam e completam as lacunas da história é surpreendente e em alguns momentos até mesmo esqueci que Hannah já havia morrido. Acredito que a intenção do autor com esse livro não era comover e sim chamar a atenção para os sinais que uma pessoa que está prestes a cometer suicídio deixa pelo caminho e, mostrar que é possível ser feito algo, mesmo que para a protagonista da história já não tenha solução. Um livro para incomodar e mostrar dois lados de uma mesma situação.
A Netflix irá lançar um seriado baseado no livro e produzido por Selena Gomez (o que é uma novidade) e confesso que estou curiosa para conferir o resultado. Pelo trailer aparentemente a história é bem desenvolvida e mantém fidelidade a alguns fatos do livro, o interessante aqui é justamente o contato com a percepção dos fatos pelos demais personagens. Já adicionei a minha lista e espero ver em breve.
Enfim, mesmo tendo uma temática voltada para o público adolescente a leitura se mostrou agradável e convincente, o tema denso é dissecado de uma forma leve e acessível em poucas páginas, a leitura é dinâmica e rápida. Se ainda não teve a oportunidade de conferir este livro e tem curiosidade não deixe de realizar a leitura.

››

Ática

Resenha: Escaravelho do Diabo

02 maio


O Escaravelho do Diabo faz parte da série vaga-lume, que é/foi responsável pela iniciação de leitura para muitos jovens. É um livro infanto-juvenil, da autora brasileira Lúcia Machado de Almeida e recentemente ganhou adaptação para o cinema. Eu li a 12ª edição, publicada em 1985 pela Editora Ática. Eu já tinha um conhecimento prévio da história, mas nada profundo e não conhecia o desfecho da mesma.
Hugo foi assassinado, não há pistas de quem seja o responsável pelo crime, em seu peito foi cravada uma espada e alguns dias antes ele havia recebido em uma caixa um escaravelho. Seu irmão Alberto deseja descobrir o motivo pelo qual o irmão foi assassinado e quem o fez, por isso começa a ajudar/atuar na investigação junto com a policia. Dias depois do ocorrido acontece um novo assassinato em circunstâncias diferentes, mas Alberto identifica um padrão, assim como seu irmão a vítima era ruiva e recebeu um escaravelho dias antes do seu assassinato. Quem será o assassino? O que o motiva a matar pessoas ruivas?
O livro tem a narrativa em terceira pessoa, sendo um narrador onisciente. Em alguns momentos são narrados os pensamentos de alguns personagens, com o foco principal em Alberto. Alberto é um estudante de medicina, esperto e muito inteligente. Ao aliar-se com o inspetor Pimentel os dois se complementam. Com a experiência do detetive e a sagacidade de Alberto o enredo do livro vai se desenvolvendo e um leque de opções de suspeitos são levantados, porém as pistas não garantem quem seja o real assassino.
Como citado no início, esse livro foi a introdução de muitos leitores no universo de romance policial, sendo assim sua trama não é complexa e seu entendimento é bem simples por se tratar de um livro voltado para o público infanto-juvenil. É um livro relativamente curto e direto, sem muitas delongas no psicológico de cada personagem. Porém, cumpre seu papel com louvor e seu desfecho é satisfatório.
Em relação a adaptação para o cinema que entrou em cartaz no dia 14/04/2016, já no trailer (clique aqui pra assistir) é perceptível que muitas informações foram alteradas, até porque ele foi escrito por volta de 1953 e de lá até os tempos atuais muitas coisas mudaram, até mesmo a estrutura da sociedade. 
Cartaz do filme
O livro é bem popular, muitas pessoas o conhecem ou por já terem lido ou de ouvir falar. Enfim, a leitura é válida não somente para jovens leitores, mas para todos que pretendem iniciar no mundo do romance policial, vale a pena ser lido.
››

Facebook