Maigret é um
famoso investigador criado por Georges Simenon. O detetive aparece em
aproximadamente 75 romances e também em cerca de 30 contos. Não é possível
determinar exatamente quantas obras o autor escreveu, pois ele usava uma
quantidade significativa de pseudônimos. Como gosto bastante de romance
policial decidi conhecer os livros de Georges Simenon, e o meu primeiro contato
foi com o livro Um Crime na Holanda
Delfzijl é uma
pacata e conservadora cidade da Holanda, mas é o cenário do assassinato de
Conrad Popinga, professor da Escola Naval de Delfzijl, casado com Liesbeth. Ele
levou um tiro enquanto guardava a sua bicicleta na garagem. O professor Jean
Duclos é um dos suspeitos, ele estava hospedado na casa dos Popingas enquanto
realizava conferências na cidade. Após ouvir o tiro ele é visto com a arma do
crime na mão, mas ele afirma tê-la encontrado no banheiro. Por ser francês
solicitou ajuda da polícia de seu país de origem e então entra em cena o
Comissário Maigret.
Maigret é um
investigador francês, um homem comum de classe média, sujeito a erros como
qualquer pessoa, porém bem objetivo. Assim como Sherlock adora fumar um
charuto. Ele não fala holandês o que dificulta a comunicação com alguns dos
suspeitos, porque nem todos falam francês. Ele chega a Holanda sem saber muito
sobre o caso, apenas com uma lista de nomes de prováveis suspeitos que lhe fora
enviado pelo professor Jean Duclos. São parte da lista: Liesbeth esposa da
vítima, Any cunhada da vítima, a família Wienands vizinhos do Sr. Popinga e
Beetje uma jovem filha de fazendeiro e amiga da família.
Tudo indicava
que Conrad era um homem que todos gostavam, simpático, trabalhador e que já
havia viajado pelo mundo todo. Sua esposa é religiosa e conservadora. Ao que
aparentava ele não tinha inimigos, logo ninguém tinha motivos para
assassiná-lo. Maigret começa então suas investigações, mesmo não conseguindo se
comunicar com todos.
O livro é
narrado em terceira pessoa e apresenta uma linguagem um pouco mais formal. Foi
escrito no ano de 1931, ano dos primeiros romances de Maigret. É um livro curto
e extremamente objetivo, atém se exclusivamente aos fatos do assassinato, não é
feita uma análise psicológica profunda de seus personagens. O leitor vai
descobrindo junto com Maigret quem são os suspeitos, aos poucos uma teia vai se
formando e novas pistas vão surgindo. É através da alta percepção e os olhos
treinados do investigador que os segredos vão sendo revelados. Os principais
suspeitos não parecem de fato interessados em descobrir quem é o assassino e,
nem mesmo a polícia local demonstra esse interesse. Maigret segue nadando
contra a corrente e fica cada vez mais próximo de desvendar o caso.
A narrativa é
bem fluída, um livro pra se lido em apenas algumas horas, além disso, bem
agradável. O desfecho é satisfatório mesmo com toda a hostilidade que Maigret
enfrenta ao longo da trama. O comissário busca a verdade custe o que custar e
não pretende encerrar o caso enquanto não revelar para todos quem matou o Sr.
Popinga.
Achei o livro
bom, apesar de ter sentido falta de uma profundidade maior dos personagens. Ao
pesquisar um pouco mais sobre o comissário Maigret fiquei sabendo que com o
passar dos anos Simenon foi conferindo mais detalhes e enriquecendo mais as
suas obras. Por ser meu primeiro contato com o autor fiquei particularmente
satisfeita, o livro atendeu minhas expectativas e o desfecho me agradou. Apesar
do comissário está atuando em terras desconhecidas, fiquei extremamente
satisfeita com a forma em que o caso foi conduzido. Esse livro me despertou a
curiosidade para continuar lendo outras obras do autor, principalmente as que
possuem o comissário Maigret. Se você gosta de um bom suspense acredito que
esse livro irá te agradar e surpreender.
Sobre o autor: Georges Simenon é de origem
belga e nasceu em 1903, ainda na adolescência sua cidade foi tomada por alemães
durante a primeira guerra mundial. Georges teve que abandonar a escola quando o
seu pai foi acometido por uma grave doença no coração e começou a trabalhar.
Passou por vários empregos até ser contratado como office boy no Gazette de
Liêge, onde mais tarde passou a atuar como repórter. Como consequência do
seu emprego aprendeu a escrever rápido e respeitar prazos. Começou a escrever
então com pseudônimos.
Anos mais tarde
mudou-se para Paris, onde criou Maigret, sob o pseudônimo em 1929 já escrevia
contos do comissário da polícia francesa. Os primeiros romances foram escritos
entre os anos de 1930 e 1931 e foram publicados já com o nome do autor. Em 1970
já na América Simenon escreveu o último romance protagonizado por Maigret, seus
livros posteriores se resumiram a autobiografias. Suas obras foram adaptados
para a TV, quadrinhos e cinema.
Na década de
1960 foi inaugurada em Delfzijl uma estatua do comissário Maigret. A cidade foi
a escolhida por ter sido onde Simenon rabiscou a primeira história do comissário.
Abaixo a fotografia da estatua.
