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Resenha: Como procurar um cachorro perdido

14 dezembro


Como procurar um cachorro perdido” da autora Ann M. Martin foi uma leitura extremamente revigorante este final de ano, a protagonista (Rosa) foi um ótimo presente e mesmo que o enredo seja simplista me encantou e me emocionou. Eu ganhei esse livro no sorteio de cortesia do Skoob e fiquei muito feliz, pois sou apaixonada por cachorros e adoro narrativas feitas por crianças, então já sabia que iria gostar da leitura, mas não tinha ideia do quanto.
Rosa é uma criança inteligente e singular, ela tem transtorno do espectro autista e adora números primos, regras e palavras homófonas (palavras que possuem a mesma pronúncia, porém se diferem na forma escrita). Crianças como a Rosa por diversas vezes é incompreendida, o autismo por se tratar de um espectro pode se manifestar de formas distintas em cada pessoa. Rosa tem dificuldades para se relacionar com outras pessoas e se sente muito sozinha, até o dia que o pai leva pra casa Poça, uma cachorrinha que encontrou durante uma chuva, a garotinha logo se apaixona pelo animal de estimação.
Rosa mora somente com o pai, a mãe os abandonou quando ela era ainda muito pequena, os dois possuem um relacionamento turbulento, o pai não a compreende e em grande parte do tempo está bebendo ao invés de tentar ser mais comunicativo. Por sorte o tio (irmão do pai) está sempre presente na vida da garota, ele a leva e busca todos os dias na escola, ele sempre ajuda Rosa como pode, seja conversando com ela ou discutindo novos homófonos. Desde o princípio não me identifiquei com o pai, achei que faltava ele tentar se envolver mais na educação da filha, em sua vida escolar, por mais que a vida esteja difícil os filhos não tem culpa e precisam de pais presentes, comunicativos e amorosos.
O foco principal do livro é o desaparecimento de Poça durante uma tempestade forte, porém acompanhamos também o crescimento emocional de Rosa e como a presença da cachorrinha influenciou de forma positiva em sua vida. Eu preciso confessar que nunca torci tanto para um livro ter um final feliz como esse, quanto mais eu avançava na leitura, desejava ainda mais a felicidade da protagonista.
Como já mencionei no início desta resenha, o enredo é simplista, porém o encanto fica por conta de ter uma perspectiva do mundo através do olhar de uma criança com autismo. Rosa apresenta uma audição aguçada, além disso, todas as vezes que alguma coisa não sai de acordo com as regras ela fica bem nervosa, por vezes, bate em si própria e outras vezes ela perde o controle e fica citando palavras homófonas ou números primos. A forma como a autora insere o autismo no enredo, os sentimentos de Rosa e a percepção que ela tem do mundo é muito rica e mostra todo o cuidado que teve ao realizar a pesquisa. A narrativa em primeira pessoa feita por Rosa foi primordial para quebrar alguns conceitos sobre o autismo e foi enriquecedora.
Uma coisa que me preocupou logo no início da leitura foi que o texto teria vários homófonos e como consequência a tradução seria bem diferente do original. O inglês possui várias palavras com sons parecidos, já no português a ocorrência é menor, porém me senti bem confortável em relação as escolhas dos homófonos na adaptação. A tradução ficou coerente e ainda assim emocionante.


Esse é um livro que recomendo para todas as idades, mesmo sendo classificado como infanto-juvenil pode mudar a visão de muitas pessoas sobre o autismo, adorei a leitura e super recomendo-o. O livro também pode auxiliar na convivência de crianças autistas com as demais crianças, possibilitando uma breve compreensão do tema e a aceitação que precisam para conviver.
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