Resenha: A Máquina do Tempo

11 fevereiro



Título:A Máquina do Tempo
Autora: H. G. Wells
Editora: Suma
Ano: 2018
Páginas:168

Caros leitores do blog, estamos de volta com a programação Sci-Fi.

Hoje vos trago uma intrigante obra de um grande nome: H. G. Wells. A obra, nada menos que "A Máquina do Tempo".

Esta obra de arte foi publicada pela primeira vez em 1895. Estamos falando de algo do fim do século XIX. E porque isso é importante? Oras, só porque essa obra aborda a temática de viagem no tempo num momento em que ninguém o fazia, criando o subgênero de viagens no tempo e levantando uma abordagem muito não-convencional (para a época) da dimensão do tempo que só vamos ter alguns anos depois com os estudos da relatividade.

A história é iniciada pelo viajante no tempo (Wells se abstem bastante nessa obra de dar nomes aos personagens, tratando-os pelos seus títulos e profissões) em sua casa explicando para alguns colegas (muito provavelmente letrados de algum vínculo acadêmico) sobre sua ideia de que o tempo seria uma quarta dimensão e que se comportaria da mesma forma que as três dimensões do espaço e que poderíamos nos mover através dela como fazemos no espaço. Há uma série de debates sobre estes conceitos, com pontuações extremamente provocativas para aqueles que são curiosos o suficiente para ter devaneios sobre a física do universo, com algumas justificativas muito plausíveis como:

"Tem certeza de que nos movemos livremente no espaço? De fato, podemos ir para a direita e a esquerda, para a frente e para trás, com razoável liberdade de movimentos, e o homem sempre procedeu assim; temos liberdade de nos mover em duas dimensões. Mas e para cima e para baixo? A gravitação nos impõe um limite.
- Não exatamente. Existem os balões - argumentou o Médico.
- Mas antes dos balões, salvo por alguns pulos espasmódicos e as irregularidades da superfície da Terra, o homem não tinha a liberdade do deslocamento vertical."

Observando este argumento, sem dificuldades se chega a conclusão do protagonista de que talvez ainda não possamos nos mover no tempo como nas demais dimensões por uma limitação tecnológica ou científica, apenas não descobrimos ainda o como fazer.

Ao fim dessas elucubrações os colegas do viajante no tempo estão muito céticos, motivo pelo qual o mesmo decide dar uma demonstração da viagem no tempo. SIIIIM, chegamos neste ponto. Ainda muito crentes de que a demonstração apresentada foi um truque, o viajante então apresenta um modelo em escala do protótipo usado na demonstração, ainda em construção.

Um ponto muito importante, inclusive abordado no prefácio da edição em questão é que Wells, diferente de alguns contemporâneos literários não se preocupa em explicar como a máquina funciona ou a realidade fora do ambiente do livro (Londres - Inglaterra). Se levarmos em conta que viajar no tempo já era algo bastante complicado de se explicar no final do século XIX, sendo pioneiro, imagine a complexidade de viajar no tempo e espaço ao mesmo tempo. É bem interessante observar os questionamentos do protagonista sobre coisas bastante factíveis, vocês se pegarão questionando como o autor pensou nessa possibilidade naquela época. 

Continuando a história, após um certo período o viajante no tempo se reúne novamente com os colegas e relata que finalizou a máquina do tempo e que esteve em uma viagem. Cansado e ferido, o mesmo relata após o jantar a sua viagem, sendo esta a segunda parte do livro, com elementos criativos baseados na análise da evolução da sociedade daquele tempo. 

Precisamos levar em consideração que, depois de tanto tempo e tantas novidades na ciência algumas coisas no livro se tornam datadas, como o próprio autor relata no prefácio da edição de 1931 (36 anos depois da primeira publicação). Entretanto, a genialidade de Wells é impressionante, visto a temática inovadora e a abordagem do tema com uma ótica muito científica.

A obra, que faz parte da aurora da escrita ficcional do autor é a primeira de 4 obras que se tornaram cânones do Sci-Fi, tendo na sequência A ilha do Dr. Moreau (1896), O homem Invisível (1897) e Guerra dos Mundos (1897), este último já publicado pela Suma.

Recomendadíssimo, este é um livro obrigatório para todos os amantes do Sci-Fi. A edição feita pela Suma ficou impecável, com capa dura, páginas com uma gramatura bem maior que o padrão, ilustrações fantásticas de página inteira e uma capa de dar inveja. Além disso, conta com um prefácio muito bem elaborado de Bráulio Tavares e ainda o prefácio feito pelo autor para a edição de 1931.


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