Biblioteca Azul

Resenha: A Redoma de Vidro

20 junho


A Redoma de Vidro romance escrito por Sylvia Plath foi uma das melhores leituras que fiz esse ano e confesso que precisei de um tempo para conseguir escrever essa resenha, não é pelo fato da escrita ser difícil e sim por se tratar de um livro tão intenso e que me deixou extremamente confortável com assuntos tão densos como depressão e suicídio.  Eu precisei de um tempo a mais para refletir sobre todo o seu conteúdo e acredito que jamais conseguirei expressar o máximo da sua essência em palavras, mas irei tentar.
Esther Greenwood é uma jovem do interior estudiosa e que sempre se destacou, até que um dia vê sua vida se transformando ao conseguir um estágio em uma famosa revista em Nova York. Essa nova experiência iria permitir Esther a conhecer uma nova cultura, pessoas novas, viver em um mundo glamouroso e ter uma grande experiência profissional, porém o que parecia promissor acaba despertando uma torrente de sentimentos que desencadearia uma depressão.
É tão leve e tão poética a forma como o enredo vai avançando que essa transição em que a depressão vai sendo desencadeada é passada de forma natural, a forma como os sinais vão aparecendo me envolveram no universo de Esther, compreendi-a e senti junto a ela todos os transtornos causados por essa doença. É extremamente fácil se conectar a protagonista, ela é real, sincera, uma pessoa tão comum. De forma progressiva ela deixa de lado seus sonhos e começa a tentar encontrar formas para cessar o seu sofrimento.
Algumas pessoas classificam esse livro como autobiográfico já que a autora passou por diversas situações similares às da protagonista, inclusive na época em que estava escrevendo-o foi submetida a tratamentos para melhorar a sua condição e por fim, acabou optando pelo suicídio aos trinta anos. Quando um assunto está em foco é necessário debater e entender que depressão é uma doença e que precisa ser cuidada da maneira certa.  Muitos avanços foram feitos nos tratamentos psiquiátricos que antes chegavam a ser medonhos, hoje em dia, é possível encontrar formas de acordo com cada caso e além disso, é importante ter o apoio de familiares e amigos.
O livro fala como eram os tratamentos psiquiátricos na época, muitas vezes pacientes que não tinham condições de serem internados em clínicas ficavam reclusos em áreas isoladas de hospitais, as quais lembravam um porão. Aborda ainda sobre a lobotomia - procedimento cirúrgico amplamente usado antigamente para o tratamento de pacientes esquizofrênicos - e tratamentos de choque. Esse último foi uma surpresa ao saber que não foi extinto como eu imaginava, já naquela época quando ministrado de forma correta o procedimento se torna indolor e pode apresentar resultados favoráveis.


Um livro intenso, cheio de nuances, sincero, com um tema relevante e com uma escrita fluida que me impressionou, um retrato real de como uma pessoa que sofre com a depressão pode ir de um estado ao outro de forma sutil, sem ao menos perceber qual o rumo está tomando. Essa não é uma leitura que aconselho para uma pessoa que esteja passando por uma fase difícil, pois acredito não irá ajudá-los, acho que é melhor reservá-lo para um momento mais adequado e mergulhar nesse universo sabendo o que o espera.


A vida de Sylvia Plath pelo pouco que pesquisei é bem interessante e sem dúvidas pretendo me arriscar tanto em suas poesias como em seus diários, além disso, há diversas biografias publicadas sobre a autora e acredito que serão leituras ainda mais densas e surpreendentes.
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