Resenha: Querido Mundo

17 setembro

Título: Querido Mundo
Autora: Bana Alabed
Editora: Best Seller
Ano: 2018
Páginas: 160
Classificação: 


Geralmente costumo fugir de livros que falam sobre a guerra, pelo fato de serem relatos dolorosos, do qual muitas vidas inocentes se perdem em meio ao caos humano. Já tinha lido alguns sobre as guerras mundiais, mas sobre a guerra na Síria ainda não, e esse foi o primeiro com o diferencial de ser narrado pelo ponto de vista de uma criança, a Bana Alabed, uma garota que luta pela paz de seu país.

Bana Alabed nasceu e cresceu em Aleppo vivendo com os seus pais e o seu irmão, e sendo muito próxima dos seus tios e avós. Seu pai era advogado e sua mãe universitária de direito. Porém, quando a guerra começou em Aleppo, Bana não sabia muito bem o que estava acontecendo até que o seu pai foi sequestrado e sua família havia ficado preocupada, mas logo ele voltou para a casa. Pouco tempo depois foram as bombas que começaram a cair na capital e a garota teve que começar a aprender a conviver com a guerra, conhecendo todos os seus sinais para que tivesse a chance de sobreviver com a sua família em meio a tanta tristeza e desespero.

Querido Mundo não é somente um livro, mas um grito de uma criança que teve uma infância interrompida, que trocou as bonecas pelos conhecimentos da guerra e em pouco tempo já sabia diferenciar as bombas quando deveria estar vivendo cada momento da infância que aos poucos foi ficando perdida.

A narrativa do livro é em primeira pessoa e por mais que sabemos algumas questões da guerra na Síria, elas são muito poucas, até porque o relato é na visão de uma criança de sete anos, mas ainda assim muito madura por ter vivenciado tudo isso de forma tão prematura. Há momentos em que a mãe de Bana narra, e por eles é possível perceber as preocupações com a família, com os filhos, com os pais. Como sair de um lugar em que sempre foi a sua casa sem ter dia certo de voltar, sem saber se será aceito em outro país que também não é o seu?

Bana lidou com a dor da perda, com o luto, a tristeza, o desespero, a fome, o medo recorrente que a guerra produz, mas jamais deixou de ter esperanças. Em meio a essa tristeza, ela encontra forças para lutar e no Twitter o conforto que precisa para representar o grito de esperança que as crianças sírias precisam, através de suas mensagens relatando seus momentos angustiantes e pedindo a paz.

Querido Mundo é um livro para se emocionar, colocar-se no lugar dessas narradoras e pensar em como a guerra pode ser cruel, mas ainda assim existem pessoas boas, como também há esperança. Bana presenciou o afastamento daqueles que a amavam e ela os viu sem forças para lutar, parou de ir a escola, já não podia brincar mais nas ruas, pois elas estavam destruídas, viu sua própria casa ruir, e ainda assim seus pais sendo fortes para cuidarem dela.

É um livro que fala sobre dor, mas também sobre o amor e a esperança. Sobre lutar por aquilo que se acredita e jamais desistir que tudo será diferente. Que o mundo pode ser sim um lugar difícil, mas se você acredita na paz, ela não é impossível na sua vida. E é por tudo isso que essa autobiografia tão tocante está mais do que recomendada! Que o amor seja a maior manifestação de paz em nosso mundo!



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7 comentários

  1. Mesmo sentindo as mesmas coisas que vc, ao ler um livro com guerra como pano de fundo, eu gosto de ler. Justamente para sentir esse incomodo. Ainda mais quando é narrado por uma criança. Ver as coisas na perspectiva de personagens que enfrentaram esse período me faz refletir sobre a vida e o futuro.
    Gostei da sua resenha, o livro é bem curtinho, mas parece ser bem completo.
    Fiquei com vontade de ler

    Sai da Minha Lente

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  2. Eu já sou o contrário, adoro enredos com o pano de fundo sejam as guerras, mesmo que eu chore e sofra ao longo da leitura. Este eu nao tinha visto e vou anotar a dica.
    Bjs Rose

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  3. Dificilmente eu leio autobiografias, e uma de uma criança que tem sua infância tomada pela guerra realmente não me atrai. Até leio histórias com a guerra como pano de fundo, mas ficções, ou histórias de sobreviventes de guerras que já terminaram e a pessoa conseguiu se reconstruir. Mas algo como isso não tenho estrutura pra ler.

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  4. Oi, Thalita, tudo bem?
    Ao contrário de você, eu estou sempre lendo algum livro sobre guerras, sejam de ficção ou não, eu gosto bastante! Eu ainda não conhecia esse livro e já fiquei bem interessada em realizar a leitura, sei que vou chorar muito e sofrer bastante, mas quero conhecer essa história.

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  5. Recebi esse livro de cortesia com a editora e fiquei bastante chocada quando soube da história dessa garotinha, que coisa mais dolorosa, é como se a infância dessa criança tivesse brutalmente sido arrancada das mãozinhas dela, uma pena. Achei sua resenha muito esclarecedora, de verdade, pretendo ler.

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  6. É chocante pensar que nesse momento há lugares passando por guerras terríveis, ne?! Ainda não conhecia esse livro mas me parece ser uma leitura tocante e necessária, através da narrativa dessa garotinha síria e da mãe.

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  7. Olá Thalita, não conhecia esse livro e ainda não li nenhum livro sobre a guerra na Síria e por isso já fiquei curiosa, sem duvida deve ser mega tocante por termos o ponto de vista de uma criança sobre tudo que esta acontecendo a sua volta em meio a guerra *-* Adorei a dica.

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