Resenha: O Oceano no Fim do Caminho

03 agosto



Sinopse: Foi há quarenta anos, agora ele lembra muito bem. Quando os tempos ficaram difíceis e os pais decidiram que o quarto do alto da escada, que antes era dele, passaria a receber hóspedes. Ele só tinha sete anos.
Um dos inquilinos foi o minerador de opala. O homem que certa noite roubou o carro da família e, ali dentro, parado num caminho deserto, cometeu suicídio. O homem cujo ato desesperado despertou forças que jamais deveriam ter sido perturbadas. Forças que não são deste mundo. Um horror primordial, sem controle, que foi libertado e passou a tomar os sonhos e a realidade das pessoas, inclusive os do menino.
Ele sabia que os adultos não conseguiriam — e não deveriam — compreender os eventos que se desdobravam tão perto de casa. Sua família, ingenuamente envolvida e usada na batalha, estava em perigo, e somente o menino era capaz de perceber isso. A responsabilidade inescapável de defender seus entes queridos fez com que ele recorresse à única salvação possível: as três mulheres que moravam no fim do caminho. O lugar onde ele viu seu primeiro oceano.
Há algum tempo atrás decidi que precisava adicionar as obras de Neil Gaiman a minha ‘pequena’ lista de leitura e timidamente dei os meus primeiros passos lendo uma versão de “Joãozinho e Maria” escrita por ele. Tive receio em não gostar de seus livros mais aclamados e me peguei pensando que nada melhor do que encarar um clássico infantil para embarcar em tal universo, a leitura transcorreu de forma agradável, porém não me vi surpreendida pela obra ( tem resenha aqui no blog). Eis que no meu aniversário deste ano fui presenteada com a obra “O Oceano no Fim do Caminho”, não poderia ficar mais feliz e grata, não demorei para começar a ler e a primeira expressão que me vem a cabeça para descrevê-lo é “Uau! Que livro!”.

"E depois ficam só as lembranças. E as lembranças desvanecem e se confundem, viram borrões..."

Neil Gaiman conseguiu me encantar com uma narrativa que mistura fantasia e realidade narrada por um adulto de aproximadamente quarenta anos que ainda abriga em si a perspectiva de quando era criança de fatos ocorridos em tal fase. O que é realidade? O que é imaginação? São as perguntas que acompanham a leitura do início ao fim.

"(...) -Vou dizer uma coisa importante para você. Os adultos também não se parecem com adultos por dentro. Por fora, são grandes e desatenciosos e sempre sabem o que estão fazendo. Por dentro, eles se parecem com o que sempre foram. Com o que eram quando tinham a sua idade. A verdade é que não existem adultos. Nenhum, no mundo inteirinho.(...)"

Durante a leitura senti uma forte nostalgia, ao mesmo tempo que o protagonista visita o seu passado e traz a tona suas lembranças da infância, me veio a cabeça diversas recordações de quando era criança, situações que hoje eu vejo de outra forma, mas que naquela fase deixava a imaginação fluir diante das circunstâncias de uma forma que só é permitido às crianças fazer isso. E que gostinho bom!
Deixando de lado essa sensação temos um protagonista carregado de problemas que está passando por um período de luto, por isso está de volta a sua terra natal para participar de um funeral, não fica claro quem é a pessoa que faleceu, mas é perceptível que é alguém próximo a ele. É esse impacto causado pela dor da perda, que desencadeia lembranças tristes que há muito havia sido perdidas no tempo junto a doce lembrança de uma amiga de infância que ficou conhecendo em meio a uma tragédia e que o ajudou muito. A relação familiar com os pais e a irmã também ganha destaque e mesmo de forma simplista e subjetiva o autor consegue retratar muito bem o que se passa entre eles.
Aos poucos o enredo vai tomando forma e alguns elementos fantásticos são inseridos ao longo da leitura, seria somente a imaginação de uma criança? Prefiro me abster em ter uma resposta definitiva a essa pergunta. A magia deste livro está justamente na forma como cada pessoa interpreta-o e se permite enxergar nas entrelinhas o que de fato Neil Gaiman quis trazer a tona com a sua obra. Uma leitura que pode surpreender, encantar e envolver a todos os tipos de leitores desde que se permitam. Sei que fui bem subjetiva nesta resenha, mas só assim para não falar demais e acabar com a surpresa dos novos leitores.

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18 comentários

  1. Vou querer emprestado depois. Fique avisada ta? :D

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  2. Oi Carol, que bom que gostou do livro, eu sinceramente detestei, e me sinto ump ouco et por conta disso... mas faz parte né...
    Bjs Rose

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  3. Oi, não curto muito a narrativa do Neil, acho que por ele escreve livros de vários temas acabo não me identificando com sua escrita..
    Esse livro eu li até a metade e te confesso que não curti, achei ele confuso, pode gente?

    Beijinhos, Helana ♥
    In The Sky, Blog / Facebook In The Sky

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  4. Oi Carol!
    Li esse livro no final do ano passado e entrou para a lista dos favoritos da vida. Que história incrível, eu me sentia dentro dela, vivendo tudo aquilo com os personagens. A Lettie foi a personagem que eu mais gostei, ela me ganhou logo de cara (tanto ela como a avó e a mãe). No final não consegui segurar as lágrimas. <3
    Final do ano pretendo reler, tenho certeza que vou me ver novamente encantada.
    Beijos

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  5. Olá!
    Fico tão feliz de você ter gostado de Neil Gaiman, ele é demais! Instiga e emociona.
    Eu ainda não li esse livro mas já está na minha listinha, mas antes tenho que ler dele "Lugar Nenhum" que também tá na lista. rs
    Bjs

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    1. Oi Marcia, tudo bem?
      Neil Gaiman está ganhando cada vez mais espaço na minha estante, já estou com Deuses Americanos e Mitologia Nórdica na espera, pretendo adicionar Lugar Nenhum e Alerta de Risco a lista.
      Obrigada pela visita!
      Beijos

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  6. Olá, ótima resenha. Tenho muita vontade de ler O oceano no fim do caminho. Do autor, eu só li Belas Maldições (que ele escreve em parceria com outro escritor) e recomendo, viu?! Em Belas Maldições ele também faz uma mistura bem interessante entre realidade e fantasia.

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    1. Olá, tudo bem?
      Sou apaixonada pela capa do Belas Maldições... fiquei com muita vontade de ler após o seu comentário. Obrigada pela dica e pela visita!
      Beijos

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  7. Olá Carol, tudo bem?
    Amei a sua resenha, parabéns!
    Tinha curiosidade em saber mais sobre essa obra e me encantei com as suas impressões. Essa questão de ser um misto de fantasia e realidade e tentar entender se é o não imaginação de uma criança despertou me interesse.
    Vou tentar ler sim, vai para a minha lista de compras da Bienal.
    Beijos

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    1. Oi Faby, tudo bem?
      Fico feliz em saber que você gostou, obrigada pela visita. Boas compras na Bienal!
      Beijos

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  8. Oie,
    Tenho uma relação de amor e ódio com esse autor. As vezes leio algo e penso "esse cara é genial", depois leio outra coisa e penso "meu Deus, de onde tirou isso, não entendi nada".
    Ainda assim reconheço o apreço que o autor conquistou e sua legião de fãs.
    Adorei a resenha.
    Mas esse livro não foi pra mim. Jpa li e acabei me desfazendo.
    Beijos

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    1. Oi, tudo bem?
      Eu acho incrível como o Neil Gaiman desperta esses sentimentos controversos em seus leitores. Já ouvi/li críticas incríveis de Deuses Americanos muita gente afirma ser a obra-prima dele, porém já ouvi críticas negativas e que a narrativa é cansativa, porém são apaixonados por Sandman (e esses defendem que essa é a obra-prima dele). Eu ainda estou adentrando nesse universo do Neil Gaiman e acredito que provavelmente irei me decepcionar com alguma obra, mas por enquanto estou curtindo muito.
      Obrigada pela visita!
      Beijos

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  9. Olá, Carol! Tudo bem?

    O Oceano no Fim do Caminho foi a primeira leitura que realizei de Neil Gaiman e é claro fui conquistado de ara, pois adorei. Gostei da sua resenha está muito boa e o blog muito bonito. Parabéns!
    Abraços!

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    1. Aos poucos vou completando a minha coleção dele, estou adorando!
      Obrigada!
      Beijos

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  10. Não sabia direito o assunto desse livro mas curti bastante! Gostei disso dele não saber o que é imaginação ou realidade em suas impressões de criança, acho algo muito fácil de acontecer. Acredito que eu sentiria a mesma nostalgia gostosa que você sentiu. Li um livro do autor e não foi o que eu esperava, mas fiquei com muita vontade de ler esse.

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  11. Olá, tudo bem?
    Para minha vergonha, eu ainda não li nada do Neil Gaiman, apesar de ter esse livro em ebook no kindle há mais de um ano. No entanto, tenho muita vontade de ler este e Stardust, do mesmo autor.
    Sua resenha aumentou ainda mais a minha curiosidade para ler este livro e espero poder incluí-lo nas minhas leituras em breve. Gosto muito quando o livro dá margem para a interpretação do leitor, então, fiquei bastante curiosa para tirar minhas próprias conclusões se os elementos mágicos são imaginação da criança ou não.
    Adorei a resenha!
    Beijos!

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    1. Oi Maria Luiza, tudo bem?
      Espero que goste da leitura. Eu comecei de forma tímida a ler Neil Gaiman, eu tinha medo de não gostar, mas pelo que vejo em geral em outras críticas é que cada pessoa sente algo diferente ao longo das leituras, mas acho importante que você dê essa oportunidade aos livros dele.
      Obrigada pela visita!
      Beijos

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