Resenha: A forma da água

11 março



Olá leitores! As últimas semanas foram bem tumultuadas e acabei me afastando um pouco do blog e aos poucos estou voltando a ativa. Hoje venho falar do livro "A Forma da Água" dos autores Guillermo Del Toro e Daniel Kraus, um romance totalmente "fora da caixa" e que me surpreendeu. Eu sei, o filme de 2017 com suas diversas indicações ao Oscar (ganhador da estatueta de melhor filme de 2018) colocou a história em evidencia e com certeza em algum momento do último ano alguém ouviu sobre a faxineira muda que se apaixona por um ser aquático, ao mesmo tempo que parece ser inviável traz uma mensagem importante nos tempos de intolerância que ainda vivemos. Acreditem se quiser, mas ainda não vi o filme e evitei de todas as formas buscar mais informações sobre o mesmo para evitar os temidos spoilers, logo iniciei a leitura de mente aberta e as surpresas foram grandes. Tendo em vista esse fato irei me ater somente ao livro e não em compara o filme ao livro.

Strickland foi o militar responsável pela captura do ser aquático que também é conhecido como Deus Branquia. A situações que o militar viveu, antes e após sua estadia na floresta amazônica, favoreceu para que se tornasse um ser humano sem escrúpulos e com pensamentos assustadores. Ele vive em uma espécie de redoma, onde tudo gira em torno de si próprio e nunca leva em consideração a família que tem, que por sinal vem sendo negligenciada por anos. Sua esposa, Laine, vive em um relacionamento tóxico que a mantém entorpecida e muitas vezes sem reação, seus filhos também já trazem os reflexos no comportamento devido a forma como o pai os tratam.

Elisa é órfã, muda e trabalha como faxineira na Occam, um departamento de pesquisas secretas situado nos Estados Unidos. É no local de trabalho, em uma área de acesso restrito, onde conhece o ser aquático que a encanta, ela não compreende de cara o que de fato atrai na criatura, mas logo se sente conectada à aquele ser. Mesmo sabendo da força e do que a criatura é capaz, Elisa se sente segura ao seu lado e se esforça para ganhar sua confiança.

Outros personagens ganham destaque ao longo da trama como os amigos de Elisa: Gilles e Zelda. Os dois possuem uma contribuição grande na história, são amigos fiéis e estão dispostos a ajudar a amiga que se encontra perdida com tudo que está acontecendo. Hoffstetler um cientista russo que está infiltrado no departamento de pesquisa também possui um papel de destaque na história, onde vive em conflito entre o que acha certo e o que lhe é solicitado pelos russos.

O livro traz a tona questões como o preconceito, racismo, machismo, intolerância e violência domestica, enfim, temas que estão cada vez mais recorrentes na literatura e no cinema e servem como alerta levantando uma bandeira para discussão sobre o que é saudável e o que não é. Ao mesmo tempo que determinadas situações chocam e causam aversão em quem está lendo, elas servem para sensibilizar e despertar a empatia dos leitores, levando a crer que é possível reverter o mal. Os personagens ganham vida e quase instantaneamente o leitor toma conhecimento de quais as motivações os guiam e se são bons ou maus e a medida que o enredo evolui são apresentados motivos que deixam claro o que os moldaram no passado e como chegaram no estado em que se encontram.

Essa é uma leitura que acredito que não serão todos os leitores que se sentirão confortáveis enquanto lêem ou que será devorada em instantes, é necessário que a leitura seja feita em seu próprio tempo e compasso, dando espaço para enxergar nas entrelinhas sua mensagem, caso contrário poderá ser frustrante o processo de leitura. Ainda assim, acredito que é uma leitura que ao final irá despertar bons sentimentos em seus leitores e um certo otimismo de que é possível reverter situações ruins.

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2 comentários

  1. Olá!
    Parece ser uma história ótima e bem desenvolvida, com temas pertinentes. Assim que esse livro e filme saíram fiquei bem curiosa, mas acabei adiando e adiando e até agora não consegui ler ou assistir. Depois de ler sua opinião fiquei com vontade de conferir! ótima resenha!

    beijos!

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  2. Olá, tudo bem?

    Eu gosto dos livros do Del Toro, mas confesso que ainda não "A Forma da Água" e também não assisti ao filme. Gostei da sua resenha e fico contente que curtiu a leitura.
    Abraço!

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