Te Conto um Conto [Mês do Terror]: O Coração Delator - Edgar Allan Poe

26 outubro

Estamos de volta com a programação desse mês maravilindo de terror, cuja data final é sempre um dia divertido e cheio de trick or treats. E continuaremos nossa visita ao trabalho do majestoso (e um tanto lúgubre) Edgar Allan Poe. 

Hoje, vamos falar do muito curto conto "O Coração Delator", último integrante do bloco narradores homicidas do livro Medo Clássico, publicado pela Darkside. Indo da página 107 à 112, temos uma história que eu senti que foi mais bem aparada do que a dos contos anteriores (O Baile da Morte Vermelha e O Barril de Amontilhado), apesar de contar com tão poucas páginas, a história se desenvolve bem mais fluida e completa. Há de se observar que Poe geralmente constrói suas narrativas em primeira pessoa, o que torna a leitura quase uma conversa, em que o protagonista está lhe contando algo.

Nesse conto, o narrador inicia se justificando que não é uma pessoa louca. Nervoso, sim, mas não louco. Explica então o porquê desta discussão. Vivia com um senhor mais velho, do qual provavelmente cuidava (pelo narrar dos fatos). Não o odiava, nem mesmo tinha algum interesse financeiro, até mesmo gostava do velho. O caso era que tal velho tinha um olho macabro, descrito como azul pálido, como o de um abutre (creio que seria algo como os olhos cegos de animais e pessoas, de um azul esbranquiçado, meio leitoso), e sempre que encarava aquele olhar, o narrador sofria até chegar à conclusão que teria de matar o velho para se livrar daquele olhar.

Novamente, insiste que devemos tomá-lo por louco, dada a sua conclusão de matar o velho. Novamente, também se justifica como não sendo louco, porque loucos não seriam capazes de premeditar e calcular todo o assassinato do velho como ele foi. Descreve então em detalhes tudo o que se sucedeu até a conclusão dos fatos, momento em que ele se livra do velho mas que acaba por se entregar à polícia. Motivo? Tire suas próprias conclusões. Eu creio que por causa da culpa. Há quem afirme que o insuportável som que incomodava o narrador após o ato era do coração do velho, ou de alguma outra origem. Eu afirmaria que se trata (nas duas ocasiões, antes e após a morte do velho) do coração do próprio narrador, em sua fúria louca. Fato é que esse conto não acaba bem (exceto para os leitores que tem uma ótima experiência).

Fica a dica de leitura, um conto super rápido de se ler, muito interessante e para os mais curiosos/analíticos, um prato cheio para filosofia, estudo do comportamento e elaboração de teorias. Embora deve ser possível encontrá-lo online para leitura, caso não possuam o livro, recomendo fortemente esta obra maravilhosa, em capa dura e com excelente arte de capa, interlúdios com ilustrações e mais.

Até a próxima resenha do mês do Terror, rascunheiros, espero que gostem e que comentem aqui sobre as vossas impressões.

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