Resenha: Todo dia

01 janeiro


Título: Todo dia
Autor: David Levithan
Editora: Galera Record
Ano: 2013 / Páginas:280

É sempre bom quando me deparo com leituras que apesar de serem voltadas para um público mais jovem (Young Adults - YA) conseguem me transportar totalmente para o universo criado dentro da obra e me surpreendem. O livro “Todo dia” faz parte desta lista. Foi uma surpresa incrível. Mesmo o livro já estando a tanto tempo no mercado literário eu ainda não sabia a fundo sobre o que se tratava e nem a carga dramática que o mesmo carrega.
Você já imaginou acordar todos os dias em um corpo diferente? Não importando o gênero ou a orientação sexual? E ainda assim não perder a sua essência, o que você é de fato? É com uma linha de pensamento parecida com essas questões que David Levithan escreveu o romance em questão, com um toque de fantasia, mas com uma lição e tanto por trás dessa ideia tão original.
O livro traz a história de um jovem que todos os dias acorda em um corpo diferente, desde que se entende por gente. Com o passar dos anos passou a optar por não interferir na vida das pessoas em que habitava a cada dia. Até que nos seus dezesseis anos conheceu a namorada de Justin (o corpo que ele estava naquele dia) e acabou sendo inevitável não se encantar por ela e decide quebrar uma de suas regras e oferecer a ela um dia incrível. Justin nunca a tratou bem, portanto o dia se torna de fato inesquecível para ela. A partir desse ponto, ele passa a querer encontrar formas de encontrar a garota todos os dias.
Como no português não existe um pronome para se referenciar uma pessoa sem identificar um gênero, assim como na tradução, acabei optando pelo gênero masculino ao escrever esta resenha. Porém, a ideia do livro é enxergar o ser, a essência e os valores, libertando-se da matéria e do corpo em questão. A princípio é um tanto difícil, mas com o passar da narrativa fui me desprendendo dessa questão e comecei a enxergar o personagem em sua essência. Me peguei questionando o por quê é tão difícil não relacionar uma pessoa a um corpo, se o que de fato importa não está na superfície e vai além do olhar. O que nos faz humanos é justamente o fato de sermos diferentes, não em questão de gênero, raça ou cor, mas sim pelo que existe dentro de nós, o que de fato somos. É uma reflexão que vale a pena ser feita.
Quanto a explicação sobre o que faz o personagem principal habitar todo os dias um corpo diferente, não leia esperando encontrar essa resposta, como já mencionei anteriormente esse não é o objetivo dessa leitura. E não pense que a leitura não vale a pena por não ter essa explicação, porque vale muito a pena.
Esse é um YA que não subestima o seu leitor e que merece ser lido por todos que gostam do gênero. A ideia é extremamente original, pode te surpreender da melhor forma possível. Esse não é um livro fácil de ser explicado e sei que não consegui expressar nessa resenha nem um quarto da mensagem que ele de fato trás, mas espero que tenha instigado-o a realizar a leitura e que goste tanto quanto eu gostei.


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