Resenha: A Incendiária

26 maio

       Título: A Incendiária
       Autor: Stephen King
       Editora: Suma
      Ano: 2018
      Páginas:448


       Fala aí Rascunheiros, tudo bom com vocês.
Passei as últimas semanas lendo uma das melhores obras de Stephen King que eu já vi e agora vim contar para vocês da minha experiência.
     O livro a que me refiro é A Incendiária, obra publicada originalmente em 1980 (em inglês) e que havia sido publicada no Brasil, mas que recentemente foi republicada pela editora Suma no selo Biblioteca Stephen King. E a obra faz por merecer ao figurar entre as favoritas do rei, ao lado de Cujo, O Iluminado e A Hora do Lobisomem. Antes de falarmos sobre a história e a escrita, cabe a mim dizer que o trabalho gráfico que a Suma tem feito nas edições da Biblioteca Stephen King é algo especial. Capa dura com uma sensação de material emborrachado, textos e arte de capa em alto relevo, excelente encadernação e todo o conforto das páginas amarelinhas (queria mandar um abraço para os artistas responsáveis pelas capas, estão lindas demais).
       Nesta obra, conhecemos tudo aos poucos (recomendo muito começar sem ler a sinopse na capa traseira, trás uma sensação totalmente nova para a leitura), descobrimos um homem fugindo com uma garotinha cansada de alguns sujeitos que estão num carro. Quando parece que eles vão ser capturados: BOOOM! Algo surpreeendente acontece e Andy e Charlie McGee conseguem escapar por pouco.
       Ao longo dos primeiros blocos, há uma alternância entre presente e passado, neste sendo contado como tudo começou durante a faculdade (os pais de Charlie se conheceram por lá), enquanto no presente temos a fuga dos dois, ainda bastante fria. As partes de passado alternam entre passado recente e passado distante. No recente, Andy relembra como tem sido a vida dele e da filha desde que começaram a fugir. No passado distante, relembra como conheceu Vicky, sua esposa, mãe de Charlie, e todos os acontecimentos que destruíram suas esperanças de uma vida normal. Particularmente, eu ficava mais interessado nos blocos de passado e em entender como tudo começou, torcendo para que os blocos sobre a fuga presente fossem mais curtos para alcançar logo o porquê dos "poderes" de Charlie e Andy.
      Como sempre menciono nas resenhas, a escrita de King é fabulosa. Me encanta pela forma descritiva que torna tudo mais real e palpável, mais cruel e ao mesmo tempo verdadeiro. Vale lembrar que, apesar do rótulo dado ao autor, este livro não é, DE MANEIRA ALGUMA, um terror. Se fosse bem classificado, seria chamado de suspense leve e (mais adequado, penso eu) ficção científica. Aos que se auto-infligem o sofrimento de não ler King, aviso que muitas das obras dele não tratam de terror de fato, então não perca a oportunidade e dê uma chance a esta obra prima.
       Ao longo da obra, é explicada toda a origem das habilidades. Ao mesmo tempo, a perseguição dos McGee é intensificada, dando aquele ritmo de suspense que cativa e nos deixa tensos. Na verdade, é essa tensão que King tem maestria em criar que deixa o livro impossível de se abandonar ou não gostar. Ele não despeja todo o poder desta obra logo de cara no leitor. Ao contrário, vai dosando, entregando cada vez mais e mais, até que o leitor se torne um dependente daquela sensação e não consiga mais parar de ler. O mesmo ocorre com os poderes de Charlie. Primeiro, pequenas demonstrações, descuidadas, não-intencionais e bem sutis. quando o primeiro arco da perseguição se fecha, temos uma amostra do verdadeiro poder da garotinha e então, tudo muda. 
       Daqui em diante, deixo a história para que os mais curiosos descubram por si próprios. Caso contasse mais, estragaria a leitura, que eu recomendo fortemente para todos. Fato é que King traz algumas alegorias nesta obra que eu mal suspeitei. Após o posfácio, há um trecho explicativo sobre a carreira do autor, sobre a mudança de editora (nos EUA) e sobre a escrita dessa obra. Há um agradecimento do mesmo à sua filha Naomi (uma garotinha como Charlie à época da escrita) por ajudá-lo a compreender melhor uma menina de uns 8-10 anos. Verdade é que King explora a alegoria de que fogo e sexo são gêmeos siameses e que a descoberta dos poderes incendiários da protagonista são esse poder que a menina descobre quando se torna mulher. Não me estenderei aqui também porque há todo um contexto dentro da obra o qual não foi citado e também esta discussão está presente ao final da publicação, mas achei muito interessante a perspectiva dessa alegoria.
       Por último, é importante se dar conta que a obra se passa num período durante a guerra fria e, nesse período havia muita desconfiança (e segundo King, acontecia de fato) em relação aos governos realizarem experimentos em pessoas, em relação a armas humanas (como o famoso Capitão América) e este assunto é predominante na narrativa da obra. Como ponto negativo, encontrei apenas o furo de não ser uma obra atemporal pela forma como é utilizado o computador, numa época em que se acreditava que esta máquina seria capaz de processos miraculosos. O recurso usado se torna quase cômico visto  hoje, pelo uso da referida máquina. Fora isso, a obra é excelente. Há também uma sensação de Easter Egg quando se descobre um reuso de um nome de personagem (algo frequente nas obras de King). Nesta obra há um certo Dr. Patrick Hockstetter, nome usado posteriormente em "It: A Coisa" para um antagonista menor, amigo de Henry Bowers, mas que foi um gatilho instantâneo em minha memória de nomes.

       É isso. Espero que gostem da resenha, comentem o que acharam e que, em breve, leiam A Incendiária que é, definitivamente, um ótimo livro. 
         Até a próxima!

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10 comentários

  1. Olá!
    Apesar de eu ser amante literária de kink desde o principio e ele ser um dos meus favoritos, ainda não li A Incendiaria :(
    Tenho acompanhado a série que levemente baseado neste livro.
    A escrita de S.King é fabulosa e quem o lê sabe que ele mescla cenas, fatos muitas vezes interligando a uma outra história. Amei a resenha e espero ler em breve não antes de ler Outsider rs
    Bjs

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    1. Oi Márcia, eu sei porque você não leu a incendiária. Era quase impossível achar ele, ficou sem publicar por anos...(rsrs). Concordo com você sobre a escrita do King, é cativante demais. Estou na espera por Outsider também, só na ansiedade.. Volte sempre :D

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  2. Oii!
    King é um dos autores mais famosos e recomendados, mas não curto o gênero que ele escreve! Com certeza é uma ótima dica de livro para quem curte o gênero e o autor!
    Ótima resenha ♥

    bjs
    https://blogperdidanasnuvens.blogspot.com/

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    1. Oi Carolina, eu realmente acho que você deveria dar uma chance para certos livros do King, como eu disse na resenha, esse livro está longe de ser um terror TERROR. Não é como Cemitério ou Escuridão Total que tem certas coisas de embrulhar o estômago...Garanto que não vai se arrepender.

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  3. Olá!
    Adorei que o livro não segue a mesma linha das demais obras dele, porque eu não curto terror.
    Mas percebi que você curte demais, né? Isso é legal!
    Não conhecia o livro, vou procurar saber mais sobre ele.
    Valeu pela dica!

    Eliziane Dias

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    1. Sim, eu gosto bastante, sou meio King Maniac...(rsrs) Na verdade, há vários livros do King que não são terror de fato, Joyland por exemplo, quando li, me senti vendo sessão da tarde. Volte sempre e espero que goste da Incendiária...

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    2. Não sabia sobre o King escrever outras obras pra além do terror. Foi bom saber.

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  4. Não li nenhum livro do King, e não conhecia esse livro, mas pareceu o ideal para começar por ele, pois pelo que eu vi é um livro mais leve. Adorei a resenha. Bjs

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    1. Com toda certeza seria um ótimo começo. Há também o Joyland que eu achei bem tranquilo e recomendaria a quem não gosta de terror. Volte sempre e irá encontrar muito de King por aqui sempre, além de outros autores e gêneros.

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  5. Oie
    eu adoro o autor mas infelizmente li poucos livros ate então, estou com alguns na estante há tempos e cada vez que lança um eu quero, mais um para os desejados haha ótima resenha

    beijos
    http://www.prismaliterario.com.br/

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