Resenha: As Tumbas de Atuan

10 fevereiro


Título: As tumbas de Atuan
Autora: Usrula K. Le Guin
Editora: Arqueiro
Páginas: 160
Ano: 2017

      As Tumbas de Atuan é o segundo volume do Ciclo Terramar, mas dessa vez o protagonista não é Ged (o protagonista do primeiro livro) e sim Tenar. A história dos dois se cruzam, mas é preciso começar essa resenha falando que o foco não é o mago e sim a história em volta da sacerdotisa das tumbas de Atuan. Eu digo isso pois comecei a ler o livro sem ter lido a sinopse e nenhuma resenha a respeito do mesmo, não julguei necessário por se tratar do segundo volume de uma série e foi uma surpresa nos primeiros capítulos ao perceber que o rumo do enredo seria outro. Já adianto dizendo que eu gostei bastante da leitura. Para quem ainda não leu o primeiro volume, pode ler a resenha sem receios pois não contém spoilers.
      Tenar foi tirada do seio familiar aos cinco anos e foi levada para servir aos Inominados como sacerdotisa. Dona de um grande poder, ela sempre recebeu um tratamento especial, mas em troca ela precisou abrir mão até mesmo do próprio nome, passou a ser chamada de Arha. Isso porque ela foi reconhecida como sacerdotisa renascida, aquela que toda vez que morre renasce no corpo de uma criança na mesma noite da morte e essa tradição perdura há muitos anos.
Ao tomar seu lugar como Arha ela recebe todo o conhecimento que foi repassado pelas Arhas anteriores e precisa realizar os cultos e tradições do local, o que envolve tomar conta das tumbas e do labirinto subterrâneo, onde em diversos lugares a luz não pode chegar e onde se escondem também tesouros. 
      No princípio a história parece não fazer tanto sentido, mas a medida Tenar é apresentada e seus pensamentos vão sendo moldados é perceptível o quanto ela quebra tabus tanto da época em que foi escrita quanto nos dias de hoje, passando pelos temas feminismo e o fanatismo religioso. Por vezes, o feminismo que tem como base a igualdade entre gêneros é visto de forma errônea como femismo (superioridade do sexo feminino), se você pensar só um pouquinho provavelmente vai lembrar de algum livro que é dito de acordo com o feminismo, mas que está mais pra femismo. O que a Ursula traz nesse livro é sem dúvidas o feminismo, duas pessoas de sexo oposto se ajudando mutuamente. Já no âmbito da religiosidade temos uma abordagem interessante sobre como a fanatismo religioso pode cegar seus seguidores. 
      O livro tem poucas páginas e pode ser lido com agilidade. Fiquei extremamente satisfeita com a leitura, tanto com as questões abordadas, quanto com o teor da história que casa perfeitamente com a imagem que se forma do mago no primeiro livro da série. Esse livro não se trata apenas de uma fantasia, vai bem além e merece ter o seu devido valor.

      Trechos selecionados:
"(...) Ela não se dera conta de quanto as pessoas eram diferentes, de como enxergavam a vida de modos distintos. Era como se houvesse olhado para cima e, de repente, visto um planeta inteiramente novo, pairando lá no alto, imenso e populoso, bem em frente à janela (...)."

"(...) A maioria das coisas envelhece e perece com o contínuo passar dos séculos. Pouquíssimas são as coisas preciosas que continuam preciosas, ou as histórias que ainda são contadas."

(...) Tudo que eu conheço é a escuridão, a noite subterrânea. E isto é tudo o que realmente existe. É tudo o que há para saber, no fim das contas. O silêncio e as trevas. (...)"

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7 comentários

  1. Para quem gosta de uma boa aventura, é um livro ótimo, mesmo ele sendo fino, achei legal a heroína do livro ser uma sacerdotisa., ainda mais ela ter sido tirada da família cedo, é uma boa história para se acompanhar

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  2. Olá!
    Gostei de saber que Tenar é personagem que quebra tabus, parece ser uma protagonista incrível. Porém a história em si não me chamou tanto a atenção, mesmo envolvendo tantos elementos de fantasia e aventura que eu gosto bastante.
    Mas não descarto a possibilidade de leitura no futuro, já que adoro fantasia.
    Ótima resenha.
    Beijos.

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  3. Oi, tudo bom?
    Já vi as capas desses livros por aí muitas vezes e acho elas muito bonitas, mas não conhecia muito sobre a história. Legal isso de mudar o protagonista e guiar tudo para um novo rumo, é diferente. Os temas abordados são interessantes, principalmente fanatismo religioso, que não vejo ser muito comentado. Adorei a resenha.
    Até mais o/

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  4. Oiii Carol, tudo bem?
    Que resenha maravilhosa menina, infelizmente não é um tipo de leitura que eu adoraria ler e gostar, mas esse gênero parece ser ótimo para quem curte e aprecia, ainda mais com essa edição linda.
    Bjs

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  5. Olá
    Não sou muito chegada nesse tipo de leitura, elas dificilmente me prendem. Mas a sua resenha está ótima, para quem gosta de uma boa aventura.
    Beijos

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  6. Oi Carol!
    Lembro que quando o primeiro volume dessa série saiu aqui no Brasil, eu tinha ficado bem interessada, mas depois de um tempo acabei esquecendo dele. Tenho bastante curiosidade em conhecer as obras da Ursula, pois fala-se muito bem da escrita (e histórias) dela.
    Sempre que vejo ele, fico indignada que o livro é dos anos 60 e só recentemente ele chegou aqui. Tirando o fato de que é de uma autora bem famosa...
    Bjss

    http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com.br/

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  7. Oie
    legal sua dica, parece ser uma leitura interessante para os amantes do gênero, não sei se leria por agora mas achei a dica bem interessante, quem sabe eu não indique a alguns amigos pois infelizmente pra mim não seria tão interessante no momento

    beijos
    http://www.prismaliterario.com.br/

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